O Dr. Ricardo Iglesias é médico cardiologista. É atualmente diretor acadêmico do Sanatório de Trinidad Mitre (Cidade de Buenos Aires, Argentina). Ex Presidente da Sociedade Argentina de Cardiologia. Ex Presidente da Fundação Cardiológica Argentina. Fellow do American College of Cardiology. Desde 2010 é validador de casos do Practicum Script.
Desde quando faz parte do Comitê de Especialistas de Practicum Script?
Desde o ano de 2010. Há 6 anos que trabalho neste projeto educativo.
O que o motivou a continuar até hoje como membro ativo deste Comitê?
São muitas coisas, mas o primeiro aspecto de todos, entre vários, neste caso particular é o fato de ser realmente motivador porque é diferente, é um desafio educativo permanente, ao contrário de outras experiências educativas, e isso é o que mais me incentiva para que eu continue neste projeto.
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O que nos pode dizer acerca da sua experiência como validador de casos do programa Practicum Script?
Acredito que foi muito importante, fundamentalmente porque é a vida real. Numa formação enciclopedista que tivemos, onde a informação é tão efêmera, mas é tudo informação, estimula-nos o desenvolvimento de pensamento clínico se a aplicarmos a casos clínicos. Penso que este é o ponto mais importante que aprendi: como cresci num pensamento de problemas clínicos.
Que benefícios encontra no nosso modelo de aprendizado para os especialistas e residentes?
A pratica dentro da sociedade e é interessante porque, na realidade, quando recorremos a um livro estudamos pacientes que são doentes-saudáveis. Na vida real existem doentes-doentes, ou seja, não só doentes da patologia que vemos, mas que têm problemas renais, pulmonares, cerebrais... e isso faz com que seja tão estimulante e tão educativo como na vida real. E, muitas vezes, como lhe disse antes, o nosso aprendizado enciclopedista faz-nos ver a patologia e, na realidade, em Practicum Script está a combinação dos problemas globais. É o mundo real, o de todos os dias.
Por isso é tão importante para os residentes de Cardiologia, e mais ainda para os especialistas porque, às vezes, a nossa leitura não nos faz ver ou pensar no todo do paciente, e este é um dos benefícios mais importantes desta metodologia educativa.
Como se sente ao ter que tomar decisões em situações controversas em que eventualmente não exista acordo entre os membros do Comitê de Especialistas?
Estes pacientes são reais. Me faz sentir como se estivesse na ala. Discutimos e vamos tendo pensamentos diferentes para um problema, e é preciso entrar em consenso sobre o que é melhor para o paciente. É a vida real. O que é certo é que, às vezes, não estamos preparados para o desacordo, não estamos preparados para a discordância, mas parece-me que isso, quando adquirimos maturidade, faz com que seja interessante ver outros pensamentos. Assim sendo, o meu sentimento é o mesmo que tenho quando faço uma visita de ala e alguém pensa de forma diferente da minha. Para mim parece que serve e se utiliza muito para o crescimento intelectual e de princípios. Creio que isso também é maturidade.
Pensa que ter participado nesta experiência foi útil no seu exercício profissional e acadêmico?
Sim, sem dúvida. Com o Comitê estou reafirmando o que foi para mim este desenvolvimento intelectual, esta motivação de ver diferentes casos, diferentes problemas. Penso que foi muito útil, porque é o que fazemos todos os dias, e muitos casos foram aplicados à minha atividade cotidiana com os pacientes.
Lembra-se de algum caso em especial que lhe tenha sido complicado validar?
Sim, vários. Lembro-me de um, não há muito tempo, de múltiplos aneurismas coronarianos. Como cardiologista, vi, nestes cerca de trinta anos de profissão, muitas patologias estranhas. Isso fez-me repensar e me deixou ansioso. Nunca tinha visto esta situação, dessa maneira, e nunca tinha visto na vida esses múltiplos aneurismas. Depois de ter realizado a avaliação, isso motivou-me a ler, debater e analisar uma patologia realmente distante do que já tinha visto. E falo só de um, embora existam mais. Lembramos sempre o último, mas existem vários casos que me abriram a mente.
Gostava de dizer-nos algo mais?
Em primeiro lugar, que todas as pessoas que trabalharam nestes casos fizeram realmente um trabalho muito esmerado. São casos muito pensados. Felicitei-os sempre sinceramente e continuo felicitando-os, porque poder levar estes casos à realidade implica um esforço muito grande. Efetivamente, foram todos de primeiro nível, não tive críticas significativas em nenhum caso em particular, e quando isso aconteceu, falei delas e modificaram o necessário em conformidade. Tenho que felicitar todo o sistema, porque me parece que é outra forma de ver a medicina, muito útil e diferente do que estamos habituados no aprendizado após tantos anos.
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